terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano Novo (?)

Um ano velho, cheio de pessoas novas. Um ano novo cheio de pessoas velhas. Rugas...cabelos brancos...estórias. Sorrisos guardados, lágrimas contidas. Se formos pensar o que se renova ? A essência e não a matéria, porque a matéria só degenera, envelhece, enquanto o espírito, os pensamentos e a mente são livres para constante renovação, tornando-se imortais, a medida que a matéria apodrece em qualquer pedaço da Terra. Ao mesmo tempo mais vida chega e menos vida resta para ser vivida, ou desperdiçada a cada segundo, e a cada respiração, as escolhas definem qual opção será descartada e qual se tornará real. 365 noites, mas muito menos disso passamos dormindo... muitas noites são em claro, pensando e pensando, definhando sobre um problema como se isso pudesse resolvê-lo. 365 dias labutando, como se sempre houvesse amanhã, ou gastando-o a toa como se nunca houvesse um dia de descanso. Brigas...transtornos...reconciliação e... paz ? Não o ser humano em constante conflito nunca está em paz consigo mesmo. A paz é mais uma das histórias da Carochinha assim como o ''Ano Novo''. Acredite ou não se quiser caro leitor, fica a seu critério.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Sozinha no Mundo

Já se sentiu tão só, mesmo rodeado de um mundo inteiro? As pessoas à sua volta, e tudo que você vê são corpos vagos se movendo... Na verdade quem está vazio é você. Vazio de emoção...vazio de vida... vazio de felicidade...e ao mesmo tempo cheio de nada. É um nada tão incômodo que chega a ferir. Quando tudo que você quer é silêncio, só consegue ouvir aqueles ruídos irritantes produzidos pela multidão em que está inserido. O vazio no entanto, agrada quando alguns sentimentos te fizeram mal, é melhor  estar inerte a tudo do que sofrer por causa desse mar que não cabe em você,  um rio em época de vazante, e as águas escorrem pelos olhos...
E sozinho muitos caminham, mesmo tendo uma pessoa ali, ao lado... é como se um mundo próprio o selasse do verdadeiro mundo , o real... ou seria esse na verdade o irreal? ....criado pelas mãos humanas, criado pelas sua insaciável vontade de manter as aparências. O outro mundo, onde estão todas as emoções que eles ocultam, eu quero encontrar, ver o que cada um sente, mas infelizmente esse mundo foi destruído.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O prisioneiro das sombras

Eu me olhava no espelho e não conseguia gostar de nada que via. O espelho refletia todos os meus defeitos, aqueles que eu não queria ver, aqueles que eu escondia embaixo de tecidos e mais tecidos. O rosto que eu escondia por trás daquela franja e daqueles óculos. Parecia que  o verdadeiro eu, trancado numa masmorra dentro de mim mesma agora se debatia mais do que nunca, implorando para ser libertado. O eu que há anos eu poupava das pessoas, da família, do mundo, com medo de que ele fugisse de dentro de mim e arruinasse tudo lá fora. Foi esse medo que o manteve prisioneiro dentro de mim própria. Ele gritava por socorro , e eu sufocava os gritos com músicas que escorriam cínicas pelos meus lábios. Ele chorava, e eu prendia as lágrimas por detrás de um sorriso inquebrantável. Ele tinha os piores pesadelos, enquanto eu fingia sonhar e realizar essas mentiras. 24 horas por dias não era eu mesma, mas um fantoche das outras pessoas e da sociedade visceral em que eu habitava. Nos minutos que ninguém via, essa parte mais sombria de mim mesma me questionava se isso era o certo, e eu tapava os meus ouvidos e a minha boca para não ter que respondê-lo que ele estava certo. Esse eu morava dentro de mim como uma sombra que eu queria que sumisse, mas na verdade, eu fui essa sombra durante todo esse tempo e só ia deixar de ser, quando aceitasse receber aqueles raios de sol tão vívidos que temi outrora. Eles eram quentes e podiam cegar, mas jamais me deixavam mentir sobre mim mesma, pois iluminavam toda a face presa na penumbra.

Promessas

"Você vale mais, muito mais,
 Do que reles migalhas,
Jogadas ao chão,
Aos pés de um banco de praça...

Você é um coração inteiro,
Uma canção completa,
E não apenas acordes perdidos,
De um tocador,

E eu , também aprenderei a ser mais,
Do que palavras vazias,
Do que olhares vagos,
E gestos mecânicos...

Nós merecemos uma antologia,
Não versos ao vento,
Merecemos cataratas,
Não simples quedas d'água
Merecemos o oceano
e não poças rasas... "

Fragmentos de tempo

" Nós não temos todo o tempo do mundo, pelo contrário, o tempo nos tem. Nós somos feitos do presente, do passado e do futuro. Das escolhas que fizemos, das mudanças que podemos fazer do agora e do tempo que nos resta. Do tempo que achamos erroneamente que dominamos, e que nos domina de tal maneira, que quando reabrimos os lhos já se foi. Não só do tempo físico que temos sentido...mas também do tempo das nossas emoções. O tempo que contamos a partir do primeiro e do último amor. O tempo que leva para termos certeza das nossas decisões e, mesmo assim, repensá-las anos mais tarde, dizendo que talvez não tenha sido a melhor escolha, mas o que as condições nos permitiram naquela realidade. O tempo que não volta. O tempo que pode não vir. O tempo que não percebemos estar vivendo, e por isso esperamos sempre o amanhã. Talvez, por não viver o hoje, o futuro não seja tão proveitoso. Talvez por não fazer boas escolhas hoje, o amanhã não seja tão bom. Ou ainda, talvez nada disso seja certo , e não haja tempo ... apenas humanos com uma necessidade incrível de medir a própria existência por não serem capazes de vivê-la em sua totalidade."