domingo, 22 de setembro de 2019

Postagem da 01:10

Uma madrugada qualquer. Um instante qualquer de insônia. O som das teclas ecoava como pontos mortos na sua consciência. E ela pensava se qualquer um se importava, se haveria mais alguém às 3 e 10 da madrugada pensando na falta de sentido da vida, também. A luta incessante das pessoas pela vida em contraponto da facilidade com que elas mesmas promoviam a própria destruição. Os carros correndo da avenida molhada pela chuva que caia como gotas de orvalho e mesmo àquela hora haviam carros brandindo pelo asfalto como se nunca fossem chegar em seus destinos. E talvez não chegassem. Esses indivíduos construíam suas vidas como castelos de cartas de baralho, mas com um descuido puxavam a carta que sustentava a base e em menos de um segundo, tudo aquilo que demorara tanto para ser construído se desfazia em tristezas fragmentadas, pequenas unidades de ira e desgosto. Assim é a maioria dos relacionamentos humanos; família, amor, trabalho. Tudo se mantém, até que a última gota que faltava para inundar tudo jorra de algum lugar inesperado. Apesar de todos tentarem tapar as "goteiras" ao invés de achar a raiz do problema. E o problema , qual é? O egoísmo. Porque quem não vê que mesmo quando tenta ser altruísta o ser humano está pensando na auto-satisfação, o desejo de sentir-se superior, ser mais benevolentes que os demais? Sentir-se o mais caridoso. Afinal, todos estão preocupados com as próprias cartas, em sustentar as bases do SEU CASTELO, em ter uma jogada ou carta na manga, ao invés da verdade estampada no rosto.

terça-feira, 14 de maio de 2019

O que eu faço com essa vontade sofrível de ser amada por você?

Quando a minha resignação se quebrantou ,

Meu amor próprio se foi com ela


Se você sorrir eu esqueço tudo

E nessa amnésia te amo mais uma vez

Pela última vez...


Quando você me toca a sensação  automática do sangue quente

Inundando cada parte de mim

Como uma boca sedenta ávida por uma gota do líquido que traz vida






domingo, 23 de dezembro de 2018


Reveillon para 64

“Eu vejo a vida passar como imagens rápidas, projetadas da janela de uma condução qualquer. A condução que me leva por um caminho sinuoso e sem volta, pela eternidade impossível de palpar, que dura um milissegundo. Prendo então os cachos dos meus cabelos, que brincam nas laterais da face, atrás de orelhas ávidas para ouvir o som que deixou de ecoar no mundo.  Quando ele desapareceu? Hoje, visto antes de sair, uma pele que não é minha, buscando resistir ao tempo que não está bom; paradigmas e tabus mortos voltam a me afligir. Por olhos de vidro, paralisados, observo já sem ação, a imutabilidade da ignorância humana, pois as minhas retinas já se cansaram de registrar uma realidade cinza, que cresce defronte de mim, perpassa tudo, e descolore prédios e praças, condomínios, casas enquanto lá fora, crescem as massas , arrebanhadas por um louco que arrasa , quaisquer locais habitados por opiniões. Hoje, a regressão deixa de ser um método de psicanálise, e torna-se a realidade ressurgente e palpável de um país sem memória, que mesmo agonizando ignora, o temível passado que o assolou outrora."  


Eu vejo na escuridão
Sombra que me assusta
Ouço no silêncio
Vozes taciturnas
Mas o que mais me assusta
Nesta noite
Não é enxergar
Coisas que não existem
Mas é não encontrar nada
Dentro de mim mesmo.

É observar vultos negros
Que minha mente
Doente, cria
Descobrir que não há pensamentos
Sejam eles lógicos ou não,
Assumir, apenas, que esta mente entorpecida,
Desvaria.

Entorpecida da realidade
E não de um filme de horror
Pois o filme acaba
Enquanto  esta realidade
Me persegue, prende
Me suga...
Suga a essência real
Da verdadeira vida
Vida, escondida
Entre a sombra dos mortos
Mortos, antigos ideais
Cadáveres cinzentos e frios
De esperanças pueris
De uma revolução que nunca aconteceu
Fora dos arredores da minha mente
Fora do mundo ideal da imaginação
Mas ficou presa
Enclausurada
No calabouço das ilhas do meu coração.


Somos quem o mundo pensa que somos?
Ou às vezes somos apenas nós mesmos?




























Com esses olhos que vejo o mundo, ele me parece nada mais do que uma neblina branco acinzentada em continuo movimento. A vida por si só é solitária e indecisa. Somos um caminho mas não a chegada.  Jamais vamos ser a chegada enquanto não definirmos as rotas por onde corremos a partir do ponto de partida . Temos em nós todos os sonhos do mundo, eu sei, eu sinto.  Mas ao mesmo tempo, parece que para alcancá-los nos fragmentamos, deixando um pouco de nós em cada estação... E esse pouco muda um pouco de alguém . Enquanto isso, levamos de quem nos doamos, lições e experiências. Roubamos um pouco deles , e guardamos em nós mesmos , debaixo da pele.  As estações prosseguem, e o trem não deixa de correr pela estrada sinuosa e nublada que é o mundo.  Como ver a partir dessa neblina e projetar o futuro é a questão. Se não sabemos nem mesmo o ponto de partida que é qualquer momento do hoje , fica difícil. Porém, se temos dentro nós o mínimo indicador e perseguimos aquele sonho, ou aquele ideal, talvez... Só talvez essa neblina se torne menos espessa . A neblina é feita dos nossos medos e inseguranças que se nebulizam defronte de nós . Vencê-la significa nos tornarmos mais como nós mesmos, e menos como todos querem que sejamos. Aceitar o que temos de melhor, e melhorar o que temos de pior. Talvez a vida seja esse constante aprimoramento. 



Eu era uma canção fragmentada
Com notas cadentes
Voando nas pautas


Lá fora milhões de casas amontoadas,
Milhoes de lares abandonados,
Pequenos pontos de luz,
Na noite devassa
Sendo o menor dos espaços o coração,
Brincavam com ele,
Como se gira um peão,





Ecdise 

Eu queria trocar de pele
Assim como troco de roupa
Queria fugir de mim mesma
Como um animal cativo em fuga,
À solta


Eu queria crescer 
E não me sentir tão pequena
Tornar me estável, plena
Local onde bons sentimentos 
Fizessem eterna morada

Eu queria ter o colo
De  qualquer um,
E a todo momento,
Não ser esse turbilhão de sentimentos
Em que a angustia é companhia comum

Eu queria ter a pira perfeita,



Mais uma madrugada....não diferente das outras...não diferente de muitas que ainda estão por vir. Agora eu me sinto com um extremo vazio. Você deve sentir o mesmo, pode sentir em cada suspiro...em cada relutância para fechar os olhos e permanecer deitada, tranquila - coisa que você nunca vai estar. Tem uma alma conturbada, e nem mesmo pode se entender. Eu sei, também sinto. Você é a pessoa com quem eu posso ser mais sincera, despir o escudo do orgulho, e de todo o ego humano, e dizer, que não me sinto nada bem, me sinto horrível, terrivelmente perdida. O tempo passa e eu estagnada com esses mesmos sentimentos que me tomam o tempo, sono, paciência e lucidez. Quem é o primeiro louco a se manifestar em Babel? Eu! Toda essa racionalidade, essa paz ilusória que camufla o meu ser social, agora posso desvestí-la, desmistificá-la. É uma proteção. E como toda proteção, acaba por te fazer vulnerável, porque te isola da sua verdadeira capacidade, te protege e ao mesmo tempo te enfraquece. Te deixa sem capacidade de ser honesto consigo mesmo. Toda proteção é uma fraqueza. E porque ética consigo mesmo? Admita a inveja da pessoa ao lado. Da felicidade, da beleza, da astúcia, capacidade que você não tem, eu sei que não temos! Enquanto viver subjugada a essa inveja que te rói, nunca vai ser mais de si mesma...

Com dó, carinho, e sinceridade,
do seu eu.



Faz algum tempo desde que conversamos assim, sinceras. Mas desde esse período, apesar da dinâmica e astúcia do tempo, algumas coisas atemporais não mudaram. A tua arrogância ainda se manifesta diante dos pedaços perdidos do teu ser... meneando às vezes , eu sei ... pendendo... mas jamais se desgarra dos seus sentimentos. O único eco de si mesma que restou para proteger-te do nada que tens te tornado. O último grito em silêncio que persiste em ressoar. Depois da solidão vem a raiva pelo abandono... depois de esgotado pela raiva extrema... enfim seu corpo se pende inerte sem mais ideia do que fazer... se não é possível encontra pessoas dignas... verdadeiramente sãs... torne-te de si mesma tua melhor amiga, pois apesar de não notares, eu sempre estive aqui à espreita, esperando para mostrar-te o melhor de nós,

Tua melhor amiga,

sábado, 23 de dezembro de 2017

Seus olhos me contam segredos,
 .... que a boca de outrem não diz
.....Suas mãos, me aguçam sentidos,
     e de seus lábios escorrem palavras,
Cânticos tão doces, qual o da mais bela perdiz














Pensamentos de 1:30

Uma madrugada qualquer. Um instante qualquer de insônia. O som das teclas ecoava como pontos mortos na sua consciência. E ela pensava se qualquer um se importava, se haveria mais alguém às 3 e 10 da madrugada pensando na falta de sentido da vida, também. A luta incessante das pessoas pela vida em contraponto da facilidade com que elas mesmas promoviam a própria destruição. Os carros correndo da avenida molhada pela chuva que caia como gotas de orvalho e mesmo àquela hora haviam carros brandindo pelo asfalto como se nunca fossem chegar em seus destinos. E talvez não chegassem.  Esses indivíduos construíam suas vidas como castelos de cartas de baralho, mas com um descuido puxavam a carta que sustentava a base e em menos de um segundo, tudo aquilo que demorara tanto para ser construído se desfazia em tristezas fragmentadas, pequenas unidades de ira e desgosto. Assim é a maioria dos relacionamentos humanos; família, amor, trabalho. Tudo se mantém, até que a última gota que faltava para inundar tudo jorra de algum lugar inesperado. Apesar de todos tentarem tapar as "goteiras" ao invés de achar a raiz do problema. E o problema , qual é? O egoísmo das pessoas. Porque quem não vê, que  mesmo quando o ser humano tenta ser altruísta está em busca da auto-satisfação que tal ato de solidariedade lhe dará? A sensação de se sentir superior, mais benevolente, mais caridoso, o coração mais valioso que o próximo? E isso por si só não é um reflexo de Narciso? O ego compulsório que todos temos, monstro que cresce cada vez mais alimentado pela vaidade humana? Afinal,  você não precisa se preocupar com o outro que está ali ao seu lado, sempre sustentando, segurando as pontas do SEU CASTELO, enquanto você só embaralha as cartas, e sempre tem uma na manga, ao invés da verdade estampada no rosto.