Uma madrugada qualquer. Um instante qualquer de insônia. O
som das teclas ecoava como pontos mortos na sua consciência. E ela pensava se
qualquer um se importava, se haveria mais alguém às 3 e 10 da madrugada
pensando na falta de sentido da vida, também. A luta incessante das pessoas
pela vida em contraponto da facilidade com que elas mesmas promoviam a própria
destruição. Os carros correndo da avenida molhada pela chuva que caia como
gotas de orvalho e mesmo àquela hora haviam carros brandindo pelo asfalto como
se nunca fossem chegar em seus destinos. E talvez não chegassem. Esses indivíduos construíam suas vidas como castelos de cartas de baralho, mas
com um descuido puxavam a carta que sustentava a base e em menos de um segundo,
tudo aquilo que demorara tanto para ser construído se desfazia em tristezas
fragmentadas, pequenas unidades de ira e desgosto. Assim é a maioria dos
relacionamentos humanos; família, amor, trabalho. Tudo se mantém, até que a
última gota que faltava para inundar tudo jorra de algum lugar inesperado.
Apesar de todos tentarem tapar as "goteiras" ao invés de achar a raiz
do problema. E o problema , qual é? O egoísmo das pessoas. Porque quem não vê, que mesmo quando o ser humano tenta ser altruísta está em busca da auto-satisfação que tal ato de solidariedade lhe dará? A sensação de se sentir superior, mais benevolente, mais caridoso, o coração mais valioso que o próximo? E isso por si só não é um reflexo de Narciso? O ego compulsório que todos temos, monstro que cresce cada vez mais alimentado pela vaidade humana? Afinal, você não precisa
se preocupar com o outro que está ali ao seu lado, sempre sustentando,
segurando as pontas do SEU CASTELO, enquanto você só embaralha as cartas, e
sempre tem uma na manga, ao invés da verdade estampada no rosto.
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